quarta-feira, janeiro 19, 2011

Online, on time, full time

A tragédia na Região Serrana do Rio, apesar de mais de 700 mortos e 200 desaparecidos, trouxe à tona uma constatação importante: a população brasileira está disposta a ajudar. Jipeiros se uniram para levar mantimentos às vítimas. Pessoas contentes em doar uma bolsa de sangue fizeram fila. Recorde de doações e voluntários. Numa parceria exemplar de ação do Poder Público juntamente com cidadãos conscientes e comprometidos.

Mas será que a população brasileira só quer se mexer quando acontece um desastre natural nessa escala? Ou faltam oportunidade e conscientização do que pode ser feito? Como ela pode contribuir para ter uma convivência melhor em sociedade?

Atrelado a essa convivência melhor estão, principalmente, o cumprimento da Constituição e a sugestão de novos projetos de leis. Atualmente um naco dos cidadãos brasileiros só se adéqua às normas quando dói no bolso, consequência de menos que 7% do PIB investido em educação. Logo, a demanda por agentes na rua e radares é maior para que haja fiscalização e, enfim, as leis, assim como todos os artigos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), sejam cumpridas.

Contudo, o cidadão consciente é o principal interessado em ver a Constituição sendo cumprida, seguido pelo Poder Público, atraído pela arrecadação. E é ele, cidadão consciente, que deve se juntar ao Governo Federal, mas não como agente público, dedicando suas 44 horas semanais a aplicar multa, mas quando possível – parado no trânsito enquanto motoristas seguem pelo acostamento ou visitando um local que não funciona com as devidas condições.

Isso significaria que todos estariam sendo vigiados o tempo todo, por qualquer cidadão

“Eu já pago impostos à beça e ainda terei de fazer o trabalho do governo?”, reclamarão alguns. Os olhos do Governo Federal não são somente os funcionários públicos, são todos e quaisquer cidadãos. E eles ainda não entenderam isso. Quantos colaboram com o Disque Denúncia? Quantos ligam para o Corpo de Bombeiros quando veem um paraquedas caído no verde da montanha? E uma ave quase morrendo na praia? Aliás, quantos sabem o telefone dos Bombeiros? Além da deficiência no comportamento em relação às leis, o indivíduo se mostra despreparado para agir quanto aos seus deveres em situações de parceria com o Poder Público.

Atualmente o motorista se sente impotente ao ver um carro ultrapassando pelo acostamento enquanto ele permanece engarrafado. O motorista do carro que passa pelo acostamento sabe que, enquanto não vier alguém da Polícia Rodoviária Federal, não haverá multa. Hábito comum. Uma parcela das pessoas tem a ideia de que, se não tem um policial vigiando, elas podem fazer qualquer coisa.

Sem regularidade ou obrigatoriedade, deveria existir um canal, incluso nos direitos do cidadão, entre o Poder Público e o povo. Todo cidadão, por iniciativa própria, poderia se cadastrar com seu CPF num site administrado pelo governo em que ele poderia enviar fotos, vídeos com denúncias. Isso significaria que todos estariam sendo vigiados o tempo todo, por qualquer cidadão. A denúncia poderia resultar numa multa. E aquele cidadão que está sempre cumprindo a lei não seria mais injustiçado, tendo uma função mais presente naquele momento.

Em 2010, o setor de mídias sociais do jornal O Globo criou o perfil @ILEGALeDAI no Twitter, cujo objetivo é “denunciar e buscar soluções para os desrespeitos a leis e normas do Rio. Flanelinhas, poluição sonora, etc”. Trata-se da expansão do Eu-repórter, similar a VC no G1, da Globo.com, em que internautas interagem e colaboram, sem remuneração, com matérias, fotos e vídeos. Deu certo.

Numa época em que Paulo Bernardo, ministro das comunicações, planeja “inundar o país com redes de comunicações” e Dilma quer iPad por R$ 500, por que não trabalhar em grupo?

Quiçá, num futuro próximo, os celulares distribuídos pela Bolsa Celular servirão mais para registrar flagrantes do que para fofocar.

segunda-feira, janeiro 10, 2011

the notebook

Croquis,

Eu não tenho com quem desabafar. E é por isso que te procuro hoje. Sabe, tanto ontem quanto hoje eu não respondi ao namorado da minha mãe quando ele me cumprimentou, e a minha mãe ficou puta comigo. Só que ela não me procura para saber o porquê da atitude e sai julgando, dizendo que sou uma grossa sem motivo, faço minha avó - que nada tem a ver com a história - chorar à toa e ainda vou levar muito na cara. Foi naquele momento que eu fui explicar que estava chateada com ele pelo que ele tinha feito no dia anterior, isto é, dito que eu iria ficar de porta fechada [muitas vezes porque eles colocam a TV no alto volume, e eu procuro concentração] no meu quarto enquanto estivesse sozinha com o filho dele e o amigo do filho logo após eu ter dito que cuidaria dos meninos e tal.

Minha mãe estava desde o ano passado planejando com a minha avó a ida a um casamento. Só que, depois de idas e vindas com o namorado, acabou de ela estar junto dele no dia do casamento. O namorado da minha mãe, sabido por ela que é antissocial, não estava querendo ir, e ela animadona, como normalmente. Percebe-se então que o namorado disse aquilo porque não queria acompanhá-la no casamento em vez de simplesmente confessar que se trata de uma questão de vontade. Naquele momento -e foi visível -, eu fui ao meu quarto, e minha mãe, como sempre, cagou para o que ele fez. Já a minha mãe ficou puta comigo primeiramente por eu ter ido desmenti-la depois de ter ouvido do meu quarto ela dizer para o namorado que eu estava no shopping com o meu pai, sendo que eu não disse isso, e, em sequência, por eu ter ignorado o namorado dela na despedida dele. E assim ficou comigo hoje mais uma vez.

Eu me esforço...
Como tinha acordado tarde no domingo, sem sono suficiente para dormir, saí de casa sem ter dormido, de banho tomado, rumo à autoescola para completar as 45 horas teóricas na segunda-feira. Depois segui para a casa da minha avó, onde a encontrei doente. Sendo assim, comprei os remédios, mel e alguns limões, como vovó pediu, lichia, suco de laranja e salada de frutas lá para casa, além de pastas para fazer mais limpeza no meu armário. Na casa da minha avó, deixei-a de repouso enquanto fui fazer uma limonada para melhorar a garganta da paciente. Preocupada com as duas horas do Rio Card, que estavam quase esgotando, parti, apressada, para o ponto. Chegando lá, descubro que, naquele horário (por volta de 10h30min), aquela pista fica aberta somente no outro sentido. Sabendo que teria mesmo de pagar mais R$ 2,40, peguei um ônibus que me levou até outro ponto, onde eu peguei outro ônibus que me levou para o meu destino final. Foi um total de cinco ônibus no dia. Já quase em casa, resolvi passar na banca para comprar a Folha de S.Paulo. Morrendo de sono e achando que o sol já estava se pondo, cumprimentei o porteiro Bom tarde!. São 11 da manhã. Em casa, minha mãe acaba de se levantar.

- Comprei mais lichia, viu?
- Com o meu cartão?
- Meu dinheiro.
- Ah, que bom!


E eu vou deitar.

Acordada, mamãe me procura para assistir a um dos filmes que eu aluguei. Digo a ela que assista a A vida é bela (ela nunca iria gostar de Sindicato de ladrões ou A fita branca). Ela leva o DVD, põe e, depois de cerca de dez minutos, aparece no meu quarto dizendo que está saindo.

- Para onde você vai?
- Vou pegar o Paulo e o Lucas.
- Mas e o filme?
- Deixei no meio [no meio? a máquina marcava 7 minutos], já volto.
Na hora imaginei ela deve ter pego agora porque sabe que eu não cederia filme para ela assistir sozinha com o Paulo e o Lucas e, assim, ela não precisa mais de autorização. No dia anterior, com Paulo e Lucas já em casa, antes de qualquer coisa acontecer, até comentei tô cheia de filmes aqui. é hoje que a gente vai assisitir?. Paulo parecia dar um aval positivo, enquanto mamãe estava no banheiro. Com os dois em campo, continuamos a conversa ih, já sei a qual a gente vai assistir. Mamãe, que até aquele momento não tinha intervindo na conversa, pergunta:

- Paulo, vamos ver filme hoje mesmo?
- Eu não disse nada.
- Gabi, já que você escolheu que vamos ver filme, o Paulo escolhe o filme.
- Nem vem.
Mais uma vez a minha mãe favoreceu o namorado. Logicamente eu não topei a proposta. Caí fora. Um tempo depois, mamãe vai verificar a área qual filme você vai emprestar para a gente ver?. Ui, percebe-se que fui excluída já do programa. E eu continuei deitada na minha. Hoje, apesar de ter pensado nessa estratégia dela, nada fiz, para evitar discussões.

Minutos depois, vejo que recebi ligação da vovó, que ainda não estava gripada, enquanto dormia. Retorno, e ela começa a falar loucamente do casamento. Revoltada com a decisão da minha mãe de não ir ao casamento e ainda pedir para dar desculpa à noiva, minha avó mostra a sua indignação tudo por causa daquele viado, aquele gay, que atrapalha os programas dela. E diga-se de passagem, ela tem razão.

ñ

Não sei ao certo qual foi o motivo. Mas é fato que eu perdi o hábito de escrever no Croquis. Poderia ter contado sobre as horas que eu tive - escondido da minha mãe - um gato de rua, encontrado no meu prédio, e o que rola no Twitter. Talvez desabafado na época dos sufocantes vestibulares em todos os domingos - eu não faltei nenhum. Ou... As aulas na autoescola em plenas férias que separam duas fases da vida de um jovem (ensino médio para a faculdade). Não sei. Juro que não sei. Tenho dedicado mais tempo a pensar. Contudo, depois de ter as ideias, não consigo me organizar para desenvolvê-las ou colocá-las em prática. É um tal de Projeto 1.2011, Projeto 2.2011, sabe? Hell.

mENos twiTTer pRA saLVAr o cROQuiS