quarta-feira, junho 24, 2009

Tendência: o uso abusivo da tecnologia

"É certo que, nos dias atuais, se torna cada vez mais difícil fazer história, pois o texto elaborado e a anotação cuidada são desmerecidos. A palavra escrita vai perdendo espaço e força em favor do rádio e da televisão, que exprimem, mas não imprimem, que difundem mais não gravam, que emitem o som ou a imagem, porém não fazem constância, não produzem memória. Em suma, não se pode fazer história sem papel, sem documento, sem jornal, sem livro."
Armando Falcão, ex-ministro, em trecho de Geisel do tenente ao presidente


Eu não tenho problema em jogar as coisas fora. Porém no meu quarto, eu tenho um armário onde eu guardo todas as revistas, os jornais, os trabalhos escolares que levaram alguma influência à minha vida. Eu os guardo com o intuito de rever mais tarde e mostrar aos meus filhos e netos.
"Esse jornal foi publicado na crise de 2008. Esta revista aqui eu acompanhei de pertinho no meu primeiro estágio. Já esta foi a minha primeira aparição na mídia."
Será que sou só eu? Ou as famílias tradicionais só guardam álbuns de fotos? Quando perguntei à minha avó sobre alguma reportagem que tenha a impactado a ponto dela guardá-la, ela diz que com a mudança livrou-se das antiguarias. Aproveitando a oportunidade, faço a mesma pergunta para o namorado de minha avó. As páginas do caderno de esporte do jornal, em que este havia aparecido, já haviam sido jogadas fora. Duas tentativas e eu continuava na estaca zero. Eu ainda não tinha perguntado ao meu tradicional parceiro de conversas, quando depois de uma faxina nos livros, mamãe encontra um álbum acima das minha expectativas. Não me refiro a fotos coladas em folhas de papel e sim, ao álbum dos presidentes publicado pelo JB no centenário da República, mais especificamente em 15 de Novembro de 1989. Não é lá tão velho, mas traz reportagens antigas publicadas desde a fundação do Jornal do Brasil a resumos dos governos de Deodoro a Sarney. Eu não poderia estar mais feliz; conteúdo político, sobre a atual matéria de história e o melhor: recheado de reportagens! As pessoas nos surpreendem, por mais que eu não tenha comentado que eu procurava algo importante que tenha acontecido do passado com a minha mãe, esta me pergunta:
"Isso aqui é de política. Interessa? Ou posso jogar fora?"

Esses acontecimentos nos fazem refletir a importância da mídia impressa. Assim como Falcão disse o rádio e a televisão não fazem constância, não produzem memória. Por mais que nós conseguimos nos informar através da internet, televisão ou rádio; isso não é suficiente, pois a informação logo cairá no esquecimento. E no futuro quando você quiser lembrar de algum momento ou até mesmo quando for perguntada pelos seus netos, você quase não terá lembranças e muito menos fatos concretos como prova dos acontecimentos.