sexta-feira, junho 12, 2009

No papel, na tela, onde você quiser estar

Assim como a política, o jornalismo também esteve presente na minha vida desde cedo. Na época em que os meus pais eram casados, nós seguíamos uma rotina à noite. Após o jantar em família, nós íamos diretamente para o escritório. O escritório – hoje em dia abandonado – era conhecido por ter canal a cabo e a maior televisão da casa. Lá mamãe e papai assistiam o Jornal Nacional, enquanto eu e minha irmã, 7 e 5 anos respectivamente, esperávamos o término para poder assistir os desenhos do Cartoon Network. Eu ainda não demonstrava interesse pelo jornalismo.

A minha recordação antiga mais relevante é de 2003. Quando eu cursava a 4ª série e a professora de português, Marília, abriu um espaço de suas aulas para quem quisesse trazer reportagens e apresentá-las. Os meus pais já eram separados e a minha mãe não sequer assinava um jornal ou revista. Ao contar a novidade em casa, a minha avó materna logo se ofereceu a doar o Jornal do Brasil assim que lido por ela. A partir daquele momento não sobrou espaço vazio no mural na minha turma. Aqueles jornais velhos já faziam parte da minha rotina; eu lia, escolhia a reportagem, levava para a escola e informava a turma. Além de ter gostado do contato com o jornal, eu tinha um interesse maior por trás daquilo tudo: melhorar a minha nota complementar. Em 2003, eu tive um dos piores rendimentos da minha vida acadêmica. Outra maneira que eu investi para melhorar a minha nota complementar foi: alugar vários livros da biblioteca de sala. Eu nunca me interessei por livros. Essa é uma frase dificilmente dita por jornalistas ou qualquer um que atue no campo de comunicação. Mas ainda tenho esperanças que um dia poderei mergulhar em um mar de livros. Então eu arrumei um modo de burlar a biblioteca da sala, já que eu seria obrigada a ler X livros por mês e a minha nota complementar não era das melhores. Toda semana, eu alugava cerca de 3 livros e às vezes no mesmo dia, eu os devolvia. Eu simplesmente não os lia e no campo da resenha da folha – que deveria ser preenchida sobre o livro –, eu copiava o texto que aparece atrás do livro. Dessa forma, eu fui reconhecida como a maior leitora da sala – ganhando um livro da professora e...... não sei se teve alguma influência, mas eu passei de ano.

Eu só fui ter um contato tão forte com outro meio de comunicação no final de 2004. Quando, finalmente, os meus pais cederam e eu e minha irmã conseguimos uma televisão para cada um dos quartos. Era uma grande vitória poder escolher entre Globo, SBT, Record e o melhor: quando a gente bem entendesse. Eu optava na maioria das vezes pela Rede Globo e assistia qualquer coisa que passasse. Quem conhece sabe que a emissora exibi os mais variados telejornais, o que fez com que a minha necessidade de estar sempre bem informada aumentasse cada vez mais.

Meados de 2007, minha mãe – que se recusava a pagar mais dois pontos adicionais para a NET – cede novamente. Com quase uma centena de canais disponíveis, eu me interesso especialmente por um. Nada mais, nada menos do que o canal conhecido por informar os telespectadores em tempo real. A Globo News passa a ser a minha maior fonte de informação. E através desta, eu conheço o mundo das especulações. O meu interesse pelo mercado financeiro não fica só na telinha. A minha frequência quanto às conversas com o meu pai, à leitura do jornal e ao uso da internet como meio de informação cresce. Logo que entregue, o jornal OGLOBO segue em uma viagem rumo à escola, a globo.com não é mais suficiente e as conversas não ficam mais entre eu e papai. Pela primeira vez, os três meios de comunicação mais conhecidos estão incluídos no meu dia-a-dia. Esteve tão claro desde os meus 10 anos. Eu seria uma idiota se não seguisse a carreira de jornalista.