terça-feira, agosto 31, 2010

Dinâmica Marina Silva (Teatro Leblon) - 30/8




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Tem gente que já está entregando o jogo no 1º tempo e tem gente que acha que ganhou o jogo no 1º tempo. Parece até que tem uma desistência. Mas a palavra desistência tem um sentido forte carregado, né. Desistência significa desconstrução de uma existência, desfazer uma existência. E qual é a existência que nos estamos desfazendo com essa ideia de que já está tudo resolvido no 1 turno? É a existência de um Brasil que precisa afirmar a sua democracia, não porque obedece, mas porque conhece quem está escolhendo para ser o presidente da República e não porque tá obedecendo ao pedido 'faça assim, faça assado', 'esse é o melhor, aquele é o pior para os brasileiros'. Não vamos desistir dessa existência de nos colocarmos como sujeitos da nossa História. Eu falei outro dia no debate da Folha que estavam tentando infantilizar os brasileiros. Que história é essa de mãe, de pai, de tio, de avô? (aplausos)

Isso é muito bom nas nossas relações parentais. Isso é constitutivo no lugar do sujeito como indivíduo. Mas mesmo os indivíduos, o pais e as mães, sabem que facassaram se o filho não se tornar um adulto, se não ocupar o seu lugar de sujeito, ter o seu próprio desejo, a sua própria marca e, se isso é tão ruim para o indivíduo, por que seria bom para um povo inteiro? Então não vamos assumir esse lugar de desistência da existência da nossa democracia porque ela é constitutiva da nossa maturidade. E, quando eu falo isso, eu falo feliz.


Eu até brinquei um dia desses “Bem, parece que os brasileiros estão querendo uma mulher”. Se for isso, então tá resolvido. Vamos fazer o segundo turno. No segundo turno, com o tempo igual, a gente faz um debate de igual para igual. Mas não tem aquele ditado popular “Você vai fazer isso? Pense duas vezes”.

Se a gente pensa duas vezes antes de fazer alguma coisa, por que o futuro do Brasil só precisa pensar uma vez? Por que o destino de todos os brasileiros só precisa ser pensado uma vez? Se a gente pode pensar duas vezes, conhecer duas vezes, escutar duas vezes, olhar duas vezes, então, vamos fazer isso. Pelo bem da democracia e pelo bem do eleito. Saber que quem foi eleito no segundo turno está muito mais fortalecido, muito mais legitimado, muito mais sacramentado, porque duas vezes foi escolhido. Isso é o que faz a diferença.

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Editado em 25/09/2010: