Hoje eu levei dois tapas na cara. Da minha mãe. Não doeu, não doeu porque sei que de nada tenho culpa. Foda-se ela e suas desculpas para ser a dona da razão, para poder se firmar como mãe, como autoritária. Foda-se. Nunca terá voz suficiente para controlar uma família, muito menos a mim.
Se o moço da NET vem por causa do meu decodificador quebrado, por que ela tem de ficar com o controle remoto antigo? Por que eu não posso ficar com os dois? Agora é assim, sem mais ou menos, sem objetivo, ela decide o quê. Depois de passar um dia dormindo no quarto de minha irmã, arrumando-o para voltar ao meu, ela, ELA desliga a luz. Acendo novamente e continuo a fazer a cama. ELA desliga a luz de novo. Reclamo. E ELA desliga a luz novamente, qual é o problema? Quer mostrar seu poder, querida? Qual o porquê de precisar se firmar tanto? Não chefia uma equipe no trabalho, não? Deve ser por isso que Cristina nem parece ser irmã do mesmo casamento; vive longe. Sobra pra mim, que tenho de tentar ter sangue frio. Até ao levar tapas na cara - e não revidar. Ou sou covarde. Apanhar eu posso. Não posso é revidar, ou sou a covarde que é a mais forte e bate na mãe. De tudo o que aconteceu e acontece em todos os meus 18 anos, o mais revoltante é vê-la pegar imediatamente o telefone e ligar para meu pai, minha avó, namorado dela; todos, acompanhada de choro, no papel de vítima.
- Ai, leva a Gabriela daqui. Ela tá atacada de novo!
É, acho que não vou ter filhos mesmo. Para não virar uma mãe como a minha.