sexta-feira, setembro 04, 2009

Qual é o valor da verdade?

As crianças mentem dizendo que já fizeram os deveres de casa. Os adolescentes mentem dizendo que vão à casa do amigo. Os homens mentem dizendo que estavam no expediente. As mulheres mentem dizendo que gastaram pouco no shopping. Todos mentem. Por que os políticos não podem mentir? Por que o povo cobra de José Sarney (PMDB-MA), Artur Virgílio (PSDB-AM) e companhia aquilo que ele não consegue ser?


A palavrinha mágica “honestidade”, às vezes com variações: “ética”, “transparência”, sempre esteve presente em época de eleição. Aliás, esse foi um dos princípios que o PT defendia na década de 80 – quando foi fundado – e, depois, com Luiz Inácio Lula da Silva percorrendo o Brasil em busca de votos. Em 1992, a porção também foi usada pelo atual melhor amigo de Lula, Fernando Collor de Mello (PMDB-AL) – aquele que adora quando pronunciamos seu nome. Aqui no Rio, recordo-me da juíza Denise Frossard, que tomou proveito do feitiço em sua campanha para governadora, em 2004 e do Fernando Gabeira para prefeito, em 2008.

Quais argumentos você acha que os senadores e deputados usaram para alcançar o cargo? A população não imaginava que, futuramente, o Partido dos Trabalhadores estaria envolvido em um dos maiores escândalos da política brasileira, o Mensalão. Lula nomearia comparsas, apoiaria Sarney e veria todas as denúncias serem arquivadas pelo Conselho de Ética. A população nem sonhava que o caçador de marajás congelaria as poupanças e sairia de férias. E Denise seria uma das poucas a perder uma eleição, para o então governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), com o tal feitiço. Gabeira ficou longe de perder – ganhou mais prestígio do que o próprio poderia sonhar. Eles omitiram, mentiram, roubaram e, em 2010, vão lutar com os mesmos discursos para garantir quatro (deputados, governadores e presidente) ou oito (senadores) anos no poder. E daí?

O povo vai, no mínimo, continuar dando importância à verdade só na hora de votar. Esquece-se [de] que os políticos surgem da população. Caso nós nos preocupássemos mais com o valor da verdade como um todo, isso afetaria os homens de terno de Brasília. Basta assistir ao quadro Palavras cruzadas do CQC, em que a última pergunta é “Você mentiu em alguma das perguntas?” A minoria responde um “Não”. Cadê os pais dessas pessoas para dizer que “mentir é feio”? Cadê os professores – que têm que lecionar em quatro escolas para conseguir sustentar a família – na formação de nossas crianças? Parece que a mentira passou de um aspecto negativo para uma necessidade. Mais uma vez, a educação não foi eficaz. Tanto nas escolas públicas como nas privadas. Não dá mais para confiar em amigos que dizem “te pago amanhã” ou “te ligo mais tarde”. Ninguém dá importância às palavras e se estas estão sendo cumpridas ou não. Se não vais cumprir, por que falas? Todos estão virando políticos.

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Editado:
[de]> 13 de dezembro de 2010
demais 4 de abril de 2011